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Opção sexual x orientação do desejo sexual

Atualmente é consenso que chamar de opção sexual o modo como nosso desejo sexual se direciona não se justifica e não faz o menor sentido.

Gosto de fazer uma anedota para que isso fique definitivamente claro: pense nas decisões pós decepção amorosa!

Vou gostar só de quem gosta de mim…

Todo mundo que já viveu uma decepção amorosa já se pegou dizendo a célebre máxima: “Chega! Agora vou gostar só de quem gosta de mim, vou gostar de uma pessoa assim, assim e assado.” A pessoa quase cria uma planilha do Excel com as características do próximo amor, elaborando racionalmente como será sua escolha, sua opção.  De repente, a pessoa conhece alguém que permite que os requisitos da sua planilha sejam preenchidos em 80% e….. nada acontece. Simplesmente a pessoa não consegue se apaixonar e não entende como isso é possível. Ela se esforçou tanto para definir e racionalizar sobre o que queria. Como não se apaixonou? Simples, porque quando o assunto é desejo, tesão, paixão, não é operado pela razão, é operado por outra lógica, a lógica desejante que não responde a essas premissas racionais. A gente se apaixona e pronto. Os motivos dessa nossa emoção não são passíveis de explicação objetiva.

Foto by Nick Fewings on Unsplash

Então, não faz sentido dizer de opção quando estamos discutindo desejo sexual. Os nossos desejos acontecem, se orientam para outras pessoas e é muito difícil colocar numa planilha ou em qualquer tentativa de racionalidade.

Quando pensamos em opção estamos dizendo de algo que é escolhido, que passa pela razão, algo decidido após ponderar prós e contras. Exatamente assim funcionam nossas escolhas amorosas, não é mesmo? Só que não

Falar de orientação do desejo sexual é mais interessante porque diz de como nosso desejo se direciona, se dirige, se volta, se torna… Gosto de pensar em vários verbos de movimento para dizer do desejo, porque o desejo se move!

E é desse jeito que entendo que temos que lidar com a orientação do desejo sexual, como um movimento. E é preciso ainda lutar para que todos os jeitos como nossos desejos se orientam sejam considerados legítimos e autênticos, recebendo a visibilidade e acesso a direitos e políticas, mas isso é assunto para um próximo artigo!

Photo by Renee Fisher on Unsplash Photo by Renee Fisher on Unsplash